A gestão dos edifícios tem vindo a sofrer grande evolução nos últimos anos, que entendemos dever-se a diversas causas.

Podemos apontar o primeiro enquanto o recrutamento de jovens profissionais, profundamente ligados ao mundo digital – a geração millenial –, com uma postura que altera o conceito convencional de posto de trabalho fixo e um ambiente de escritório “clássico”. Impulsionados por esse fator, o desenho e a gestão dos ambientes de trabalho têm evoluído no sentido de humanizar os espaços, tornando-os muito mais amigáveis e apelativos, proporcionando a oferta de ambientes distintos e indo ao encontro de uma melhoria estética, funcional e ambiental dos espaços. A retenção do talento nas organizações depende, entre outros fatores, do ambiente dos espaços de trabalho.

Em Portugal tem-se registado uma evolução estética e funcional significativas, nos ambientes recentemente criados, em linha com o que se referiu.

Do ponto de vista tecnológico, cremos que a evolução decorrerá focada nas seguintes vertentes:

– Sensorização/digitalização crescentes, com recolha e tratamento de grande volume de dados, aplicação extensiva de IoT e robótica. Os dados recolhidos terão de ser analisados, seriados e trabalhados, proporcionando uma gestão mais eficiente e proativa. No que diz respeito aos equipamentos e sistemas técnicos, evoluir-se-á para uma manutenção proativa, reduzindo-se as intervenções reativas e antecipando-se assim a ocorrência de falhas funcionais. Progressivamente reduzir-se-á a manutenção preventiva a intervalos regulares, desenvolvendo-se a preditiva/detetiva.

– Bases digitais dos ativos imobiliários, com especial enfoque no BIM, que deverá incluir arquitetura, estrutura e todas as especialidades técnicas, com o LOD (level of development) criteriosamente selecionado e adequado ao pretendido, tendo como objetivo flexibilizar e agilizar alterações de uso e o sequente redesenho, sem perder de vista um dos principais objetivos do BIM  – melhorar o grau de eficiência das operações de manutenção, que se prevê venha a utilizar massivamente a RA (realidade aumentada) para as suas operações. Adicionalmente, após o fim de vida útil do imóvel, o aproveitamento dos materiais resultantes da demolição será facilitado, numa ótica de economia circular. Para além dos registos em BIM outras bases coexistirão (CAD, GIS, …);

–  Ferramentas robustas de gestão de serviços, agregadoras de dados e de informação, com generalização do CAFM (computer aided facility management) e do IWMS (integrated workplace management system). Estas bases conjuntamente com outras (BMS, EMS, SGTC, …) funcionarão integradas, facilitando assim a gestão do imóvel.

O Facility Management tem, portanto, a possibilidade de aproveitar a evolução tecnológica/digital, no sentido da melhoria do bem-estar dos utilizadores dos espaços, sem perder de vista a otimização da gestão do ativo.

Artigo publicado pela APFM Portugal, Famase é parceiro da Associação Portuguesa de Gestão de Instalações Facility Management